Deus e a Ciência: Você pode acreditar nos dois?

Em uma recente conferência científica em Nova York, um estudante fez aos cientistas que participavam de um painel de discussão sobre Ciência e Religião uma provocante pergunta: “Você pode ser um bom cientista e acreditar em Deus?” Em outras palavras, você pode acreditar na ciência e também em Deus?

Um cientista, laureado pelo Prêmio Nobel, respondeu rapidamente: “A crença no sobrenatural, especialmente a crença em Deus, não é incompatível com uma boa ciência, este tipo de crença está destruindo o bem-estar da raça humana!” Mas o desdém pela religião está longe do universo dos cientistas.

Francis Collins, que dirige o Instituto Nacional de Pesquisa de Genoma e é o Chefe do primeiro time a mapear um genoma humano inteiro, é um exemplo de uma ampla visão e cientista respeitado que também ampliou abraçando a fé e a religião cristã.

Desde que a ciência surgiu como uma força intelectual e moral no século XIX, vem existindo tensão e debate entre duas visões de mundo: a científica e a religiosa. Cientistas, como Darwin e Freud propuseram visões da origem do homem e de sua natureza que foram dramaticamente contrárias à religião e, especificamente, às explanações bíblicas da criação do homem e da natureza da moralidade humana.

Freud, freqüentemente, referia-se a ele mesmo como um materialista, um ateísta, um homem sem Deus, um infiel, um cético. Freud e Darwin iniciaram uma época em que surgiu uma batalha contínua entre religião e ciência nos tempos modernos. Atualmente, a intensidade dessa batalha vem aumentando, nos Estados Unidos, através de um debate atual de introduzir o ensino da Teoria da Evolução nas salas de aulas.

A teoria da evolução de Darwin acredita que o homem evoluído durante bilhões de anos, surgiu de uma única célula do organismo, através de um processo de mutação genética aleatória e seleção natural. Esse processo de seleção natural causou mudanças biológicas graduais ao longo do tempo, conduzindo a formas mais e mais complexas e, culminando no homem. A Teoria da Evolução conflita com a versão bíblica da criação do homem de várias formas diretas.

Certamente, um dos exemplos dessa época da Terra, a qual, concordando com a evidência científica moderna, é medida em bilhões de anos, em vez de aproximadamente seis mil anos, como seria sugerido pelo cálculo bíblico. “Creacionistas ou aqueles que acreditam que a Bíblia descreve somente os fatos precisos da criação do homem e do mundo, têm caído em seu esforço para ter suas crenças no “Creationism”, ensinado nas escolas públicas dos EUA junto com a teoria da evolução de Darwin.

O papel atual do “creationism” em debate sobre o que deveria ser ensinado nas aulas de ciência nas escolas é a “Teoria do Desenho Inteligente”. A “Teoria do Desenho Inteligente”, basicamente, concorda com a Teoria da Evolução de Darwin, como não explicada adequadamente e também, como a vida foi originada e outras formas extremamente complexas de vida. Uma “inteligência” indefinida deve, portanto, ser envolvida no desenho e na criação do mundo, do homem e de outros organismos vivos.

Proponentes do desenho inteligente apontaram que a “inteligência” que eles hipotetizam estar atrás de desenhos de complexas criaturas, como o homem, não é necessariamente Deus, no senso bíblico, mas possivelmente em alguma força misteriosa que ainda não foi definida (a força que alguns de nós pode referir como a essência, o universo, por exemplo).

A Teoria do desenho inteligente apareceu como potencial e para ser um ponto de encontro para os proponentes da ciência e religião, mas interessantemente, nos EUA, os debates têm resultado em divisões ainda maiores entre dois campos e um movimento através do extremismo. Cientistas vêem a teoria do desenho inteligente como o Cavalo de Tróia da Teoria Criacionista. Uma vez que esse desenho inteligente for um ponto de apoio nas salas de aula, o creacionismo será logo seguido. Pela religião, a teoria do desenho inteligente não vai longe o suficiente na definição de “inteligência” atrás do desenho de inteligência como Deus.

Freud respondeu às questões da existência de Deus como um eco: “Não!” Ele sentiu que todas as crenças em Deus e o Paraíso foram projetadas nos desejos infantis da proteção e autoridade oferecida na infância pelos pais. O cumprimento desses desejos infantis resultou da fantasia de Deus e do Paraíso e da vida após a morte.

Para Freud, as muitas idéias do “Super Homem idealizado” no céu era “privilégio” infantil e fora da realidade, pois é dolorido pensar que a maioria dos mortais nunca irá elevar-se ao céu nessa visão da vida. Em resumo, Freud gritou para o homem: “Cresçam”! Freud nomeou essa visão de mundo de “científica” partindo da premissa da ciência empírica, de que o conhecimento somente vem da pesquisa empírica.

Freud também previu que como a maioria das pessoas ficou mais educada, eles retornaram aos “contos de fadas” da religião. Paradoxalmente, o oposto ocorreu. Atualmente, nós vivemos em um mundo mais educado do que nunca; e ainda a crença religiosa e a crença em Deus está sempre em alto conceito. Algo como 85% das pessoas acreditam em Deus, e porcentagens muito mais altas de pessoas se identificam como religiosos e pessoas com fé.

Existem muita diversidade de religião e de como os norte-americanos sentem sobre a co-existência da ciência e Deus. Cerca de 64% das pessoas nos EUA disse que acredita no “creacionismo” que deveria ser taught along side “evolução” e 48% disseram acreditar na evolução e na seleção natural.Os norte-americanos acreditam que os estudantes nas escolas deveriam entender e ser expostas à “controvérsias”. CS Lewis, um grande romancista e filósofo inglês começou sua vida ateísta, mas depois virou “teísta”, bem como um “deísta”, um devoto crente em Deus. Lewis, como os proponentes do desenho inteligente, olharam para o mundo e se maravilharam com sua complexidade e miraculosidade.

Ele aferiu que o universo era seguido por “sinais”, como o: “ paraíso iluminado e leis morais internas” para parafrasear Emanuel Kant, todos colocando com uma clareza inconfundível para a “inteligência”que deveria ter criado o universo. Lewis chamou o homem: “Acordem!” para a evidência da existência de Deus na beleza, que nos rodeia.

Como um proponente do desenho da inteligente, Lewis teria olhado para a complexidade do desenho do olho do ser humano, ou da intrigante cascata de mais de 20 proteínas necessárias para o sangue cumprir seu funcionamento normal, como exemplo da complexidade do organismo humano que, inevitavelmente, sugere a mão da “inteligência” envolvida em um desenho cheio de propósito em detrimento de resultado de bilhões de mutações genéticas moldadas por seleção natural. Lewis foi claro em afirmar que o desenhista da inteligência foi o Deus da Bíblia. Ele também foi claro que a fonte de conhecimento ou fato não foi limitada por pesquisa empírica, mas que o conhecimento também advém da “revelação” e da “experiência”.

O tipo de experiência ou revelação que cada um tem quando segura seu filho recém-nascido pela primeira vez. Nós podemos saber sobre “verdades” ou “fatos” através dessas experiências que são tão válidas quanto os fatos da pesquisa empírica da ciência. Lewis também apontou que a descrição de Freud como um exemplo de crença em Deus, de “desejo de preenchimento”, não era um argumento válido contra a existência de Deus e do paraíso. Lewis evidenciou que o ser humano raramente “deseja” coisas que não existem.

Nós nascemos com o desejo e o instinto por sede, e existe água, fome, e existe comida, cansaço, e existe o sono, libido, e existe o sexo. Entretanto, o desejo universal por Deus e o paraíso podem de fato estar presentes em todos nós, porque isso existe. O que tudo isso significa para nós, que estamos nos esforçando, lutando com a condição humana? Aqueles de nós, que vivem em tratamentos de doenças crônico-evolutivas ou a vida inteira se tratando, aqueles que amam alguém que está enfrentando um tratamento, e aqueles de nós, que tem o papel de cuidar ou aliviar aqueles que sofrem. Como um cientista e médico, tudo isso é muito familiar para mim, com as limitações e os pequenos ganhos da ciência e da medicina.

O que é fato científico em um dia é determinado para ser incorreto no próximo. Todos, médicos, cientistas e pacientes devem admitir o fato de que a incerteza e o mistério estão presentes nos passos que trilhamos no curso de nossas doenças e durante o curso da vida. Como podemos segurar nossas crianças nos nossos braços e não termos algum senso do milagre que é a vida? Mas, e sobre a ciência? Podemos nós meramente ignorar o que a ciência nos diz no mundo material?

Talvez devamos voltar para Albert Einstein para algumas clarificações finais. Einstein escreveu: “A ciência sem religião é manca, religião sem ciência é cega”. No desenvolvimento da Teoria da Relatividade, Einstein concluiu que as equações que ele desenvolveu, lidaram com a conclusão de que o universo tinha um começo. Ele não gostou da idéia de começo, porque ele pensou que alguém fosse concluir que o Universo era criado por Deus. Então, ele adicionou uma constante lógica cósmica à equação do esforço de se libertar do início.

Einstein disse que esse foi o grande erro da vida dele. Claro que os resultados dos experimentos de Edwin Hubble confirmaram que o universo foi expandindo e teve início em algum ponto de passado. Então, Einstein tornou-se um crente no Deus criador impessoal:”Eu acredito no Deus de Spinoza, que revelou-se na pacífica harmonia de que o que existe não é um Deus que se preocupa com fatos e ações dos seres humanos”.

Como talvez um dos maiores cientistas de todos os tempos, Einstein encontrou um caminho de acreditar em ambos, Deus e Ciência. Talvez ele não acreditasse em um Deus pessoal ou um Deus Bíblico, mas os fatos da ciência levaram-no a inevitável conclusão que ambos, Deus e ciência devem coexistir. Quais conclusões nós podemos desenhar de tudo isso? Todos nós desenharemos, obviamente, muitas conclusões pessoais e individuais. Eu sei, como cientista, que sou influenciado pelo material humano e que continuarei explorando a maravilha e o milagre que existem interiormente, externamente e além.

William Breitbart-Professor and Chief of Department of Psychiatry
Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, NY, EUA

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